Carlos Fontes

Uma pátria comum numa lenta agonia

 

O diagnóstico está feito: O planeta terra está doente.

O problema está na cura, não tem data marcada.

 

Aparentemente há uma total unanimidade em torno da necessidade de defenderemos a pátria comum de todos os homens. O problema é que caminhamos alegremente para a agonia do planeta.  

 

Rios

 

 

Os rios são uma fonte inestimável para o abastecimento de água à população. Os recursos são escassos: Embora 70% da superfície do planeta esteja coberta de água, apenas 3% é de água doce.

O aumento da sua poluição, a desertificação de vastas áreas do globo, mas também a concentração da população em grandes cidades está a provocar gravissimos problemas no abastecimento deste bem precioso. 

Milhares de pessoas morrem diariamente à sede, mas também devido a problemas provocados pela ingestão de águas contaminadas.

Mais de 35 milhões de asiáticos correm o risco de beber água contaminada com arsénico. Bangladesh, China, Índia, Tailândia, Nepal e Taiwan são os mais afectados por esta contaminação de águas. No Bangladesh, onde se vive a situação mais grave. Aqui cerca de 60 milhões de pessoas bebem água com uma contaminação de arsénico superior ao normal, de 0,01 miligramas por litro, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). (Março de 2003).



  Poluição

 

 
 

O problema atinge todos: países ricos e pobres, mas a factura é paga sobretudo pelos últimos. É sabido que a contaminação da atmosfera está a provocar graves danos na saúde e no meio ambiente. A situação está a tornar-se insustentável para a vida no planeta.

Cerca de 3 milhões de pessoas morreram em 2002 devido à contaminação do ar.A principal factura está a chegar: o aquecimento da atmosfera, provocado pela poluição. Promete ser profundamente devastadora. 

 

  Florestas

 

 

O planeta está a ficar sem florestas. Em África a situação é calamitosa. O grande pulmão da Humanidade que é a Amazónia está seriamente ameaçado. Pouco parece que tem servido os sucessivos alertas mundiais. O dinheiro fala mais alto.

 

  Mares

 

 

Os oceanos estão doentes. Os recursos marítimos estão em regressão. Inúmeras espécies estão em vias de extinção. Os motivos são sempre os mesmos: poluição, sobre-exploração pesqueira,etc.

 

  Energia

 

 

As necessidades de energia, sobretudo nos países mais desenvolvidos, não pára de aumentar. Este aumento tornou-se crucial para a sustentabilidade das suas economias, ameaçando incendiar o mundo. 

O controlo das principais reservas mundiais tornou-se uma questão de vida ou de morte na política das grandes potências mundiais, como os EUA. Este país há muito que deixou de ser exportador de petróleo, estando cada vez mais dependente da sua importação, nomeadamente do Médio-Oriente. A sua dependência do petróleo estrangeiro que se situava nos 45% do seu consumo total em 1997, aumentou para 52% em 2001, prevendo-se que atinja os 66% em 2020. 

Face a este cenário, ninguém pensa em racionalizar o consumo, mas em controlar as reservas mundiais pela força das armas.

Colocadas as coisas nestes termos, é irrelevante a questão do aumento dos desperdícios, o esgotamento dos recursos energéticos e a poluição do meio ambiente. 

 

  Clima

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A mistura é explosiva: se ao aumento da temperatura do ar devido à poluição, juntarmos a desflorestação e o crescimento demográfico, temos um cenário devastador para o futuro da humanidade: calcula-se que cerca de 2 mil milhões de pessoas  estarão em perigo de sobrevivência devido a inundações causadas por estes três factores conjugados. A Ásia é neste aspecto o continente mais vulnerável. Foi aqui que ocorrem entre 1987 e 1997, cerca de 44% das inundações a nível mundial que se soldaram em mais de 228 mil mortos. 

Os danos provocados pela subida do nível do mar, estendem-se a todo o globo, ameaçando a existência de estado, como os insulares das Maldivas, ou as zonas costeiras da Holanda. 

Continua

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