Novas
Formas de Manipulação
(Cenários
Catastróficos)
As
práticas de manipulação são milenares. Estão intrinsecamente ligadas à
vontade de domínio. Há manipulação sempre que alguém procura controlar o
conhecimento de outro tendem em vista condicionar ou alterar o seu
comportamento. As formas de manipulação ligadas ao poder político são as
mais conhecidas, mas não são as únicas .
1.
Formas Directas de Manipulação
As
formas manipulação mais conhecidas são as realizadas pelos regimes
ditatoriais. Podemos neste caso identificar facilmente quem as faz, com que
objectivos e os meios que utiliza. Trata-se
de um manipulação com rosto, que coloca desde logo os cidadãos de sobreaviso
em relação àqueles que as planeiam e executam.
A censura,
a propaganda e a violência repressiva sobre os "desviantes" são os
seus meios privilegiados .
Censura:
a informação é manipulada não apenas tendo em vista omitir factos
relevantes, mas também deformar o conteúdo da informação veiculada de modo a
que a mesma se ajuste às ideias dos censores. Em Portugal a censura foi um dos instrumentos mais
utilizados pela ditadura (1926-1974) para a manipulação da opinião
pública: a informação que era autorizada era previamente mutilada. A restante
era simplesmente proibida. (consultar
Destruição
pública de livros em Berlim (10 de Maio de 1933)
.
Na Alemanha nazi (1933-1945) ficaram tristemente célebres
a destruição pública de milhões livros, mas também de obras de arte de
autores considerados
"degenerados" pelo regime hitleriano.
Em 1937, os nazis organizaram em
Munique uma exposição de "arte degenerada", para mostrarem aquilo que os alemães
não podiam gostar. Hitler fez questão de visitar a exposição.
.
Propaganda:
a informação é forjada de forma provocar a uma adesão imediata a certos
estímulos, explorando para tal as emoções ou os medos das pessoas.
Durante a
1ª. Guerra Mundial (1914-1945), as técnicas de propaganda aos serviços dos
Estados tornaram-se enormes máquinas de mobilização de massa, dotadas de
enormes recursos técnicos, que foram depois eficazmente aplicados e
desenvolvidos pelos diferente regimes
totalitários.
Em
Portugal, uma das primeiras acções da ditadura (1926-1974) foi a de criar importantes orgãos
de propaganda do regime (
consultar
). O regime de nazi, foi contudo aquele mais desenvolveu as técnicas
de propaganda e as aplicou com grande êxito.
No
Congresso de Nuremberg, em 1936, Hitler afirmou: "a propaganda conduziu-nos
ao poder, a propaganda permitiu-nos conservar depois o poder, a propaganda,
ainda, dar-nos-á a possibilidade de conquistar o mundo". Uma das
suas acções mal conquistou o poder foi criar um Ministério da Propaganda,
dotando-o de enormes recursos. A propaganda nazi assentava em ideias muitos
simples, que podia ser facilmente apreendidas pelas pessoas. Estas ideias
apelavam à emoção, estimulando reacções de medo, ódio, violência e desejo
de vingança.
2.
Formas Difusas Manipulação
Os
processos de manipulação da informação são todavia mais amplos, e estão
largamente disseminados nas sociedades democráticas ocidentais, utilizando-se
técnicas muito sofisticadas, mas não menos eficazes, nomeadamente porque os
cidadãos estão desprevenidos.
Para
analisarmos estas formas difusas de manipulação temos
que ter em conta algumas condições históricas que as possibilitaram e as
tornam muito poderosas.
. a )
Condições Sociais.
As
actuais sociedades urbanas nasceram da desagregação das sociedades rurais onde predominavam fortes laços
tradicionais (familia, comunidade), contribuindo para o crescente isolamento dos
individuos. Sem ligações a famílias, comunidades ou a nenhum território em concreto,
tornaram-se desta forma extremamente
permeáveis aos processos de manipulação.
Não tendo ninguém com quem discutir a informação que recebem tendem a
acreditar no que dizem os meios de comunicação. b )
Destruição dos Espaços Públicos.
Esta profunda transformação social foi acompanhada pela destruição daquilo que se
chama espaço público , os lugares onde os encontros entre os cidadãos.
Era nestes espaços públicos que se construía a Opinião Pública.
c )
Meios de Comunicação.
Com
o crescente isolamento surgiu também a necessidade de se encontrar meios de
comunicação entre os indivíduos atomizados. É
neste contexto que foram criados e desenvolvidos os novos meios de comunicação
de massa: -
Jornais. Ainda ligada aos espaços públicos, marca a transição para os novos
processos de comunicação de massa. -
Rádio. Recepção privada, fora dos espaços públicos -
Cinema. -
Televisão. Recepção maioritariamente privada, fora dos espaços
públicos. -
Internet -
Telemóveis, etc. d)
Informar ou Fabricar Opiniões ?
Os
novos meios de comunicação, promovidos e controlados pelos grandes grupos
económicos, não se limitaram todavia a serem simples instrumentos de
comunicação, passaram também a produzir opiniões de acordo com os interesses de quem os
controla estes meios. Dado o seu impacto social desde
muito cedo começaram
também a produzir ( ou a forjarem ) a opinião pública ... dos cidadãos. A
comunicação social nas sociedades democráticas possui uma enorme influência
sobre as pessoas, não apenas consegue dizer em que devem pensar, mas
também como devem pensar sobre isso . As mais sujeitas a esta
influência são naturalmente as que possuem menores recursos intelectuais ou
menos preparadas para lidarem com os média (televisão, rádios, jornais, etc) e)
Ilusão de Discussão Pública.
Para tornar convincente a opinião que produzem, como sendo a opinião dos
cidadãos, os jornais ou a
televisão utilizavam várias técnicas para criar a ilusão de que são meros
instrumentos neutrais que veiculam apenas aquilo que estes discutem e defendem.
Neste sentido simulam debates, realizam sondagem, realizam entrevistas ao vivo,
etc. Os comentadores ou pessoas que nelas aparecem são frequentemente
apresentados como os representantes dos cidadãos. Nada é dito porque foram
escolhidos uns e não outros. A ideia é que o leitor ou o espectador
tenha a ilusão que aquele que fala é o representante de todos os
trabalhadores, ou de todos os patrões, os estudantes, as mulheres, etc.
f)
Diversão.
Uma das formas
actualmente mais eficazes de manipular os cidadãos é através da diversão (distração).
Quando ocorrem certas situações poucos favoráveis a quem controla os
diferentes poderes, os orgãos de comunicação social transformam-se
frequentemente em orgãos de distração: a produção de informações
aumenta sem qualquer critério de relevância política, de modo a fazer passar
despercebidos factos incómodos ou a torná-los a-significantes pelo excesso de
informação.
Televisão: Um Perigo para a
Democracia
Karl Popper, no início da
década de 90, acusou a televisões de estarem a destruir os regimes
democráticos. Afirmando:
1. A finalidade das
televisões não é a educação ou a melhoria das pessoas, mas apenas o
lucro. 2. Aquilo que oferecem às
pessoas não é o que é melhor para a sua educação, mas apenas aquilo
que as seduz e as mantém presas aos ecrans de televisão, fazendo desta
forma subir as audiências. A receita que utilizam é sempre a mesma:
sexo, violência, sensacionalismo, etc. Uma receita que cansa, por isso
mesmo obriga-as a um reforço continuo das suas doses diárias (mais
sexo, mais violência, mais sensacionalismo...).
3.Com o aumento do número
de canais de televisão, cresceu também o número de pessoas mediocres
ou gente sem escrúpulos ligadas à produção de programas televisivos. Gente que apesar da sua enorme
influência social, trabalha na mais completa impunidade e sem qualquer
controlo democrático.
4. As pessoas mais
vulneráveis a esta influência nefasta da televisão são as que
possuem um nível de formação e maturidade insuficiente para
estabelecerem uma distinção entre a ficção e a realidade.
Carlos Fontes
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A importância dos meios de
comunicação
Os meios de comunicação tornaram-se hoje palcos privilegiados da disputada política. Acontece que
os políticos não estão agora sós, mas confrontam-se agora também com
correntes de interesses organizadas que actuando através dos jornalistas e
outros agentes, procurando apresentar uma dada opinião como a Vontade da
População.
.
A
única forma dos cidadãos evitarem cair nestes processos de manipulação é
tornaram-se mais vigilantes em relação às instituições democráticas e aos
orgãos de informação. adoptando uma atitude de permanente reflexão crítica
sobre a informação que lhes é fornecida. Não há outra saída.
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